PERÍODO REGENCIAL

INTRODUÇÃO

De forma rápida e simples, irei neste tópico introduzir algumas informações básicas sobre o período regencial. O período da regência durou de 1831 até 1840, que embora foi um período curto, trouxe grandes turbulências e ameaças para o nosso país (isso se deve as grandes revoltas e diversas insatisfações da população). A regência foi um período onde D. Pedro I renunciou o trono para seu filho Pedro de Alcântara que tinha apenas 5 anos. Como seu filho ainda era uma criança, o trono (governo) ficou na mão de regentes (autoridades que exercem a função de governar em nome de alguém que não pode fazê-lo, geralmente por ser menor de idade ou incapaz) até que Pedro de Alcântara atingisse a maioridade (completasse 18 anos). Esse período foi um caos no país, pois os regentes tentavam administrar tudo enquanto havia revoltas, tensões sociais, políticas e econômicas (grande parte das revoltas e crises por conta de lutas por mais autonomia nas províncias). Embora tenha sido um período de crises e complicações, trouxe algumas melhorias e transformações para o Brasil (que serão citadas mais para frente).

COMO COMEÇOU

D. Pedro I já estava sendo muito criticado pela população que já estava muito insatisfeita com problemas sociais como a grande desigualdade social e luta por direitos civis de negros escravizados (embora a escravidão havia sido abolida antes, a condição de vida dessa classe era precária). Além de problemas sociais, D. Pedro I também enfrentava problemas na economia, com altas dívidas e inflação. Além de dívidas, o Brasil dependia muito de importações internacionais, o que agravou ainda mais a crise economica no país. Além disso tudo, o partido dos conservadores e o partido dos liberais estavam aumentando cada vez mais os confrontos (conservadores querendo manutenção do poder centralizado e liberais querendo autonomia). Diversas províncias também estavam em revolta por querer autonomia, o que agravava ainda mais a situação. Então, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I entregou o trono para seu filho Pedro de Alcântara, para evitar conflitos sangrentos entre os conservadores e liberais, e por acreditar que seu filho seria um melhor governador, garantindo a continuação da monarquia no Brasil. Como Pedro de Alcântara era menor de idade, os regentes assumiram.
Imagem de Dom Pedro I
Imagem de Dom Pedro I
Imagem de Pedro de Alcântara
Imagem de Pedro de Alcântara

ASPECTOS ECONOMICOS

A economia no período regencial foi muito problemática e foi a razão para diversas revoltas. A economia era basicamente agropecuária focada na exportação. O Brasil estava passando por momentos de inflação e dívidas na época (principalmente dívidas internacionais), o que fazia com que os impostos nos produtos vendidos internamente e no exterior, ficassem muito caros e desvalorizados. Isso causava diversas revoltas nos donos de terras e produtores. Os impostos e dívidas criavam crises enormes, pois como os produtos estavam caros e cheios de impostos, não tinha como competir com outros países que exportavam o mesmo produto com maior qualidade e mais barato (menos impostos).

ASPECTOS POLÍTICOS

A política no período gerencial foi um aspecto instável e com diversos problemas de conflitos entre grupos políticos. O poder do governo era centralizado, e isso fazia com que a insatisfação de diversas províncias aumentassem (desejo por mais autonomia) dando inicio a diversas revoltas (que irão ser citadas abaixo). Porém, o que causava muitos problemas, era o conflito entre os dois principais grupos políticos: os conservadores e os liberais. Enquanto os liberais criticavam a centralização do poder e exigiam mais liberdade individual e autonomia das províncias, os conservadores defendiam a manutenção do poder, defendendo um poder autoritário (forte) e centralizado (com absolutismo monárquico e retorno de D. Pedro I). Com todo o caos que estava o país (revoltas por autonomia em diversas regiões e provincias, conflitos entre grupos políticos, crises…) o governo regencial tinha dificuldades em administrar tudo, e essas problemas somados com a pressão popular, faziam o governo mudar muito (por isso que existem 3 etapas regênciais em um período curto), causando grande desorganização e instabilidade política. A situação só foi se acalmar um pouco com o golpe de maioridade, onde D. Pedro II assume o trono, acabando com o governo regencial. Com um rei no comando, o poder era mais autoritário e respeitado, fazendo com que a situação politica se controlasse um pouco e os conflitos entre grupos politicos diminuissem um pouco (embora nunca tenham deixado de existir).

imagem ilustrando menoridade de Pedro Alcântara
imagem ilustrando menoridade de Pedro Alcântara

REVOLTA CABANAGEM

A revolta cabanagem ocorreu na província de Grão Pará (Pará, Amapá, Rondônia, Roraima e Amazonas) por volta de 1835 até 1840. A população eram em maioria mestiços, índios, negros e brancos (totalizando cerca de 120000 pessoas). Toda essa população era em sua grande maioria pobres, recebendo pouco por seus trabalhos ou trabalhavam no regime de escravidão. Essa população mais pobre, vivia em cabanas erguidas por estacas em margens de rios, e por conta disso ficaram conhecidos por cabanos (o que deu origem ao nome da revolta). As revoltas começaram quando a parcela rica da população (donos de terras e fazendeiros) ficaram insatisfeitos com o presidente da província (que era escolhido pela regência) e queriam tirar o poder centralizado. Além disso, os fazendeiros queriam mais terras para plantio próprio, com mais autonomia economica e política, podendo controlar seus negócios sem intervenção do governo central. Enquanto isso, a população mais pobre queria o fim dos abusos nos trabalhos (e fim da escravidão também) podendo receber melhores condições de trabalhos e um salário justo. A população toda se juntou (ambas as classes) e tomaram Belém, a capital da província. Porém, perderam o controle da capital após os governos que eles mesmos colocaram lá traíram eles. Mesmo assim, continuaram lutando contra as tropas e conseguiram reconquistar Belém, proclamando a republica em agosto de 1835. As tropas do governo central sendo mais fortes (tanto em número quanto em armamento) e percebendo que os líderes dos rebeldes tinham muita divergência (sendo instaveis e fracos), atacaram Belém em maio de 1836. Os rebeldes resistiram até 1840, porém, foram brutalmente derrotados (40 por cento dos rebeldes morreram), sufocando a revolta.
Imagem de rebeldes contra as tropas da regência
Imagem de rebeldes contra as tropas da regência
Rebeldes de classe pobre se rebelando contra as tropas
Rebeldes de classe pobre se rebelando contra as tropas

GUERRA DOS FARRAPOS

A guerra dos farrapos ou revolução farroupilha, se estendeu por grande parte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorrendo por volta de 1835 até 1845.  A principal causa de toda essa revolta, é que os estanceiros (donos de terras destinados a criação de gado) e charqueadores estavam saindo muito prejudicados pelos altos impostos que ele tinham que pagar. O problema, é que países como Uruguai e Argentina vendiam os mesmos produtos para o Brasil com impostos mais baixos e por um preço bem mais barato, fazendo com que os produtos brasileiros ficassem desvalorizados. Por conta dessa situação dos impostos, os guachos não se identificavam com o presidente da província (ainda mais porque eles queriam se livrar do governo centralizado). Cansados de toda a opressão da corte (impostos, controle demais sobre política e economia), os gaúchos decidiram se rebelarem e tentarem se separar do Brasil, formando uma república gaúcha. Em 20 de setembro de 1835, os farroupilhas (rio grandenses revoltados) liderados por Bento Gonçalves, invadiram Porto Alegre (capital) e expulsaram o presidente de lá. Em 1836, proclamaram a república. Os farroupilhas foram ganhando forças e se expandiram até Santa Catarina. O governo tentou revidar com batalhas que duraram cerca de 3 anos, mas estavão sendo vencidos pelos farroupilhas. Caxias (comandante das tropas do exército do governo), vendo que estava perdendo, decidiu negociar com os gaúchos, assinando o tratado do poncho verde, que declararia paz entre os gaúchos e o governo. Em troca da paz, os gaúchos ganharam o direito de escolher o presidente da provínciae os produtos estrangeiros pagariam 25 por cento a mais de impostos que os produtos Brasileiros (estabilizando a economia no sul e valorizando os produtores e produtos do charque e gado).
Farroupilhas indo para batalha com bandeiras do Rio Grande do Sul
Farroupilhas indo para batalha com bandeiras do Rio Grande do Sul
Farroupilhas VS governo central
Farroupilhas VS governo central

REVOLTA  DOS MALÊS

A revolta dos Malês aconteceu na Bahia (assim como a Sabinada) e ocorreu durante o ano de 1835. A revolta ficou com o nome de Malês, pois seus lideres Pacífico Licutan, Ahuna, Manoel Calafate seguiam o culto malê (religião mista de origem africana e muçulmana). Os membros desse levante foram em sua grande maioria escravos (maioria de origem africana que por conta do tráfico e comércio acabaram no Brasil), escravos libertos, muçulmanos e africanos no geral. Os escravos sofriam diversas opressões e exploração, não possuindo praticamente nada de direitos. Cansados do trabalho abusivo e dos maus tratos, muitos tentaram resistir, fugir ou se unir para lutar pela liberdade na esperança de conseguir condições de vida melhor. Por muitos serem de origem africana e possuírem cultura e religião parecidas ou iguais, acabaram criando laços e se unindo para lutar contra todos os abusos e horrores que sofriam nas mãos de seus senhores escravistas. Cansados de tanta injustiça e discriminação, na madrugada de 25 de janeiro de 1835, se juntaram e foram lutar para tentar conquistar a Bahia e por um fim em tudo o que sofriam. Foram cerca de 600 escravos lutar de forma brutal e violenta, com espadas, facas, lanças, facões e entre outras armas de corpo a corpo. As tropas oficiais do exército por estarem em maior número e com equipamentos e armamentos melhores (pistolas e garruchas), acabaram derrotando o ataque escravo. Depois de sufocar a revolta, mataram, prenderam ou mandaram de volta para a África os rebeldes que sobrevivera. Tudo o que os escravos usaram (armas, roupas, livros relígiosos...) foi considerado criminoso para o Estado. As autoridades alegaram que queriam fazer o branqueamento da sociedade livre baiana.

representação de rebeldes lutando com suas armas
representação de rebeldes lutando com suas armas

REVOLTA SABINADA

A revolta sabinada foi um movimento separatista que começou por volta de novembro de 1837 em Salvador na Bahia. Essa revolta foi composta por pessoas de classe média urbana (médicos, advogados, jornalistas e profissionais liberais...), militares locais e setores populares (pequenos comerciantes, escravos libertos, artesões...) que agiam de forma mais agressiva e marginilizada. O lider da revolta foi Francisco Sabino Alvares (médico e jornalista cujo sobrenome deu origem ao nome da revolta) que tinha o objetivo de estabelecer a República Bahiense, garantindo maior autonomia e separando a Bahia do governo centralizado da regência. Essa república seria temporária, sem planos de algo permanente, pois a ideia era mantar até D. Pedro II alcançasse a maioridade, acabando com a regência. As motivações para essa revolta foram, principalmente: ignorância do governo (regência) em relação a crises economicas na Bahia (não ajudando em nada) principalmente após a queda de exportações de açúcar, falta de autonomia nas províncias, governo controlando muito as províncias, extrema desigualdade social entre as classes e recrutamento militar obrigatório para o governo (população achou injusto servir a algo que eram contra). No fim, Bahia até conseguiu se separar depois de várias revoltas, porém, o governo enviou forças navais e cercou salvador. Muitos rebeldes trocaram de lado (por medo de perder tudo ou morrer) e começaram a ajudar a regência, sufocando a revolta. Muitos morreram ou tiveras suas casas e esconderijos queimados (muitos também foram expulsos da Bahia).

Pintura que mostra uma das primeiras revoltas na Bahia
Pintura que mostra uma das primeiras revoltas na Bahia
Representação do antigo Salvador
Representação do antigo Salvador

REVOLTA BALAIADA

A revolta Balaiada foi um movimento popular que ocorreu entre 1838 até 1841 principalmente no Maranhão (mas também no Piauí). Uma das principais lideranças do movimento, era Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, um vendedor de balaio (cestos) e que por conta disso, o nome da revolta foi inspirada nos produtos (balaio). Os principais integrantes dessa revolta (rebeldes), ficaram conhecidos como balaios. As principais classes que se revoltaram e se tornaram rebeldes, foram: camponeses, trabalhadores rurais, escravos, escravos libertos e até mesmo algumas elites locais, mostrando como essa revolta teve grande diversidade social. Nesse período de revolta, o governo estava cobrando altos impostos o que afetava e fazia aumentar drasticamente a pobreza da região. A região era muito controlada pela regência, o que fazia a população querer mais autonomia política e econômica sob a região (além de terem pouca autonomia política, a região possuia muitos conflitos entre liberais e conservadores que disputavam quem ia dominar). Como citado antes, a pobreza foi uma das principais causas de revoltas, isso acontecia pelos altos impostos cobrados e pelos altos preços de roupas e alimentos que os comerciantes portugueses vendiam. A pobreza aumentava cada vez mais, principalmente para os pequenos fazendeiros, que eram muito explorados pelos grandes donos de terra (que cobravam altos preços por produtos e tomavam as terras dos pequenos, obrigando eles a migrarem para o sertão em busca d alguma coisa que sobrasse). A província já estava enfrentando pobreza e crise econômica, com a situação piorando ainda mais quando o algodão (principal riqueza do local) da província foi desvalorizado com os ingleses preferindo comprar dos norte americanos (que era mais barato e de mais qualidade). Com toda essa situação, quilombos e bandos de revoltados se uniram e conseguiram tomar conta de uma cidade no interior exigindo fim da escravidão, troca de presidente da província e expulsão dos comerciantes portugueses. Esses bandos foram avançando para o Piauí onde conseguiram apoio local e vencer as tropas ofíciais. Embora os rebeldes estavam aumentando em número com o passar do tempo, os liberais e conservadores deixaram as diferenças de lado para lutar contra os rebeldes. Pouco a pouco os rebeldes iam sendo expulsos ou mortos (presos e torturados) e a revolta acabou sendo sufocada pelas tropas ofíciais e outros grupos políticos. Isso fez a regência reafirmar novamente seu poder no território.
cestos balaios
cestos balaios
Manuel Francisco dos Anjos Ferreira líder dos balaios
Manuel Francisco dos Anjos Ferreira líder dos balaios
Oficiais do exercito reprimindo rebeldes do levante
Oficiais do exercito reprimindo rebeldes do levante

FIM DO PERÍODO REGENCIAL

O período regencial teve seu fim por volta de julho de 1840, com o Golpe de Maioridade. Como já citado anteriormente, o período regencial foi marcado por diversas revoltas e conflitos, sendo um dos principais fatores, a disputa entre os liberais e conservadores. Os liberais eram contra algumas ações da regência, principalmente a questão do governo ser centralizado. Por conta disso, defendiam a liberdade individual e maior autonomia das províncias. Conforme as tensões aumentavam entre os conservadores e liberais, dificultava ainda mais o governo da regência. Vendo a situação caótica que estava o país, o partido dos liberais (com apoio de parte da população), viram a chance de uma melhora significativa no país caso Pedro Alcântara tomasse o trono antes de atingir a maioridade (fosse maior de idade). Os liberais acreditavam que com a volta de um rei no controle do país, sua liderança seria muito mais forte do que os regentes, sendo capaz de controlar o caos que estava o país (cheio de revoltas, crises...) e unir novamente o país (diminuir conflitos entre partidos políticos) por ser uma liderança poderosa e mais reconhecida (respeitada). Com a grande pressão de boa parte da população, o parlamento adiantou a maioridade de Pedro Alcântara antes que ele completasse 15 anos. Com o adiantamento de sua maioridade (sendo considerado maior de idade pelo parlamento), Pedro de alcântara foi coroado em 18 de abril de 1841, se tornando D. Pedro II (rei oficial do Brasil), pondo um fim no período regencial e iniciando o segundo reinado.
Retrato de D. Pedro II
Retrato de D. Pedro II
Documento oficial da proclamação da maioridade
Documento oficial da proclamação da maioridade

GRUPOS POLÍTICOS

Além dos conservadores (defesa do absolutismo monárquico, com poder forte e autoritário) e liberais (defesa de liberdade individual com autonomia das províncias sem um governo central), existiam outros três grupos políticos durante a regência (que ou eram iguais aos citados anteriormente ou eram muito parecidos). Eram eles: Restauradores (caramurus) que defendiam a volta por completo de Dom Pedro I, com poder autoritário completo e eram contra reformas sociais e políticas (líder: Vicente Ferreira de Paula); Moderados (chimangos) que defendiam reformas nos privilégios das elites nas províncias e reformas na monarquia (líderes: Padre Diogo Antônio Feijó e Bernardo Pereira de Vasconcelos); e por fim, Exaltados (farroupilhas) que eram muito iguais aos liberais e defendiam a autonomia política e economica das província e  eram contras ao governo central (ou monarquia absoluta) defendendo o estabelecimento de uma República (líderes: Cipriano Barata e Borges da Fonseca). Esses grupos existiram de 1831 até 1840 (aproximadamente do início ao fim do período regencial).
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